Mestranda do Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação da UFBA, Bahia, Brasil.
Bahia, Brasil.
E-mail:jairesoliveira@gmail.com
Maria Isabel
de Jesus Sousa Barreira
Doutora em Educação pelo Programa de
Pós-graduação em Educação pela UFBA, Bahia, Brasil.
Professora do Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação da UFBA, Bahia, Brasil.
E-mail:isasousa@ufba.br
Fernanda Xavier Guimarães
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação da Informação da UFBA,
Bahia, Brasil.
E-mail: f_nanda87@yahoo.com.br
RESUMO
A
Biblioteconomia como profissão é uma conquista do mundo contemporâneo,
entretanto, o fazer da atividade de Biblioteconômica remonta a antiguidade como
retrata a literatura, ao mencionar as atividades de Calímaco. Nesse percurso,
que perpasse da Antiguidade até os dias atuais, a ação desses profissionais
garante a organização, tratamento, preservação e disseminação do conhecimento
socialmente produzido pelo homem. A competência secular para organizar, tratar
e disseminar a informação, evoluiu com a própria história do conhecimento, com
a explosão informacional do século XX, e, a democratização do acesso a
informação. Vale ressaltar que a demanda informacional fez com que a profissão
e o profissional se adequassem a cada inovação surgida no seio da sociedade,
sendo o seu perfil constantemente transformado para atender os anseios dos
usuários da informação. As atividades inerentes ao profissional bibliotecário obtiveram
reconhecimento a partir do século XVII, quando o livro ultrapassou o limite do
uso restrito para ganhar uma nova configuração e importância social na formação
do conhecimento. Na perspectiva deste estudo, buscou-se compreender o espaço de
memória ocupado pelos Bibliotecários formados na Universidade Federal da Bahia entre
os anos de 1980 a 2012. Nessa direção, lançou-se um olhar sobre alguns aspectos
relacionados à formação e atuação profissional, a fim de compreendê-lo enquanto
sujeito da memória individual e coletiva responsável pela mediação do
conhecimento humano. Utilizou-se como instrumentos de coleta de dados fontes
primárias que integram a memória institucional, tais como livros de atas de
colação de grau, assim como, três livros comemorativos, referentes aos 40, 50 e
60 anos da antiga Escola de Biblioteconomia e acervos fotográficos relativos à
trajetória da Instituição. A pesquisa caracteriza-se como exploratório
documental, pretendeu percorrer as trilhas da memória institucional, onde
transitaram pessoas, anseios, sonhos, crises, e, um desejo comum de adquirir
uma formação profissional para exercer uma carreira.
Palavras-chave: Bibliotecários.
Memória Institucional. Espaço educativo. Biblioteconomia Baiana.
1 INTRODUÇÃO
A Biblioteconomia enquanto
profissão é uma conquista do mundo contemporâneo, entretanto, há registros das
atividades inerentes à práxis biblioteconômica desde à idade antiga,
mencionando as atividades de Calímaco, reconhecido como primeiro bibliotecário
da história. Nessa trajetória, que vai da Biblioteca de Alexandria, passando
pelas bibliotecas das ordens religiosas da Idade Média, até os dias atuais, a
ação desses profissionais garante a organização, tratamento, preservação e
disseminação do conhecimento socialmente produzido pelo homem.
A competência secular para
organizar, tratar e disseminar a informação, evoluiu com a própria história do
conhecimento, com a explosão informacional do século XX, e, a democratização do
acesso a informação. Vale ressaltar que a demanda informacional fez com que a
profissão e o profissional se adequassem a cada inovação surgida no seio da
sociedade, sendo o seu perfil constantemente transformado para atender os
anseios dos usuários da informação. As atividades inerentes ao profissional
bibliotecário ganharam reconhecimento a partir do século XVII, quando o livro
ultrapassou o limite do uso restrito para ganhar uma nova configuração e
importância social na formação do conhecimento.
Na perspectiva de compreender o
espaço de memória ocupado pela
biblioteconomia, a pesquisa buscou identificar e analisar o percurso formativo
do bibliotecário graduado na Escola de Biblioteconomia e Documentação, atual
Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia (ICI/UFBA) ao longo dos seus
70 anos de história. Em razão da exigüidade de tempo, realizou-se um recorte
temporal, a fim de possibilitar a
execução do estudo. Desse modo, o período escolhido se estendeu entre os anos
de 1980 a 2012, pautado no conjunto das informações oriundas de documentos
existentes no ICI, bem como aquelas
prestadas pelo Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB 5). Os dados foram obtidos por meio de
questionários aplicados junto aos bibliotecários.
A investigação revisitou a própria
identidade profissional baiana, tanto individual como institucional. Para
tanto, buscou-se na literatura, subsídios que tratam do processo de formação do
profissional bibliotecário bem como aqueles que tangenciam a memória individual
e coletiva, atreladas à memória institucional. Utilizou-se como ferramental de
trabalho, os recursos informacionais de fontes primárias que integram a memória
institucional, tais como livros de atas de colação de grau, onde estão
registrados os nomes de todos os formandos no período investigado.
Tal pesquisa, com base em um estudo
exploratório documental não pretendeu ser definitiva, mas sim sugerir a
relevância prática de percorrer as trilhas da memória institucional, onde
transitaram pessoas, anseios, sonhos, crises, e, um desejo comum de adquirir
uma formação profissional para exercer uma carreira.
De todo o mosaico de elementos
integrantes da memória institucional no contexto analisado (documentos,
imagens, livros comemorativos, e eventos), o profissional bibliotecário é o
ator social – um agente da memória - responsável pela organização, tratamento e
disseminação da informação e as bibliotecas espaços privilegiado de memória
social.
2 A PROFISSÃO DE BIBLIOTECONOMIA:
CONTEXTO HISTÓRICO
A Biblioteca de
Alexandria, no Egito, a mais famosa da antiguidade, criada no século III a.C.
se constituiu no grande marco da história das bibliotecas da Antiguidade,
chegando a reunir cerca de 700 mil volumes de manuscritos. Ela compreendia dez
grandes salas e ambientes separados para os consulentes. Nesse espaço de
memória, coube ao bibliotecário Calímaco, a tarefa organizar o conhecimento ali
disposto, por meio de técnicas biblioteconômicas (ordenação por assunto e por
ordem alfabética), para de torná-lo acessível e de fácil manuseio.
Na Idade Média, a
evolução social ampliou e diversificou esses espaços de guarda de conhecimento,
surgindo bibliotecas dos mosteiros e de ordens religiosas diversas, as
bibliotecas das universidades e as bibliotecas particulares, quase sempre
pertencentes aos reis, nobres ou grandes senhores (MARTINS, 2002, p. 82). Estas
últimas constituem a origem das bibliotecas nacionais e representavam símbolos
de poder e acúmulo de conhecimento para a minoria que possuía o privilégio de
acessá-las e consultar seus acervos.
Desde o surgimento das bibliotecas
até o período da Renascença, os guardiões da memória eram sacerdotes ou figuras
das classes dominantes. Não gozavam de um status
social como bibliotecários, tal como hoje configurado. Eles viviam confinados
em mosteiros e trabalhavam em suas bibliotecas, preocupados em salvaguardar o
acervo e realizar a reprodução – cópia - das obras. Neste período, era
denominado “copista” por reproduzir as obras, dando origem ao termo cópia, hoje
amplamente usado. Martins (2002, p. 235) ao contextualizar a profissão do
bibliotecário, apresenta duas fases distintas: uma que vai “[...] da Renascença
até meados do século XIX” período em que “o bibliotecário é um profissional
contratado por instituições particulares, sem formação especializada, quase
sempre um erudito ou um escritor a quem se oferecia oportunidade de realizar em
paz a sua obra, livre de preocupações materiais”, e outra que se inicia na segunda metade do
século XIX, quando segundo Martins (2002, p. 235),
[...] o estado reconhece o
bibliotecário como representante de uma profissão socialmente indispensável. Nesta
segunda fase, o sistema de confiar as grandes bibliotecas a escritores e
eruditos, sem formação técnica ainda continua por algum tempo, logo aparecerá,
por força da própria especialização, a
necessidade de fazer do bibliotecário um funcionário especificamente treinado
para as suas funções.
A evolução tecnológica propiciada pelo avanço
cientifico e tecnológico do século XX possibilita a diversificação dos suportes
informacionais e com isso a ampliação dos acervos que agora conta com
multimeios, filmes, CDs, DVDs, fotografias, além dos tradicionais periódicos,
revistas, jornais e os livros.
A
institucionalização da biblioteconomia no Brasil remonta a vinda da família
real portuguesa em 1808, trazendo, entre outras coisas, o acervo original
pertencente à Biblioteca da Corte Portuguesa, os quais posteriormente
integram-se a Biblioteca Nacional. A
instalação de uma biblioteca no Brasil demandou a necessidade de criação de um
curso para capacitar os profissionais que ali iriam atuar.
Assim,
com um lapso temporal de mais de 100 anos desde a chegada da Família Real,
nascia o primeiro curso para formação do profissional bibliotecário no país.
Este foi concebido em 1911, mas só teve início efetivamente em 1915, na
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, funcionando até 1923 e objetivava formar
profissionais com perfil de cultura geral, que contemplasse as diversas áreas
do conhecimento, evidenciando a influência, da cultura erudita Européia.
O
crescimento da Biblioteconomia ocorreu de forma gradativa e relacionado com o
contexto educacional do país. Sobre esse processo evolutivo no Brasil, Job e
Oliveira, (apud CASTRO, 2006) dizem que: “De 1911 até os anos 40 foram criados
quarenta e dois cursos, dos quais alguns desapareceram, outros surgiram nos
anos posteriores, abrangendo 20 Estados e o Distrito Federal.” Esse cenário cria condições para que a classe
una forças e propicie o surgimento de instituições voltadas a defesa dos
profissionais bibliotecários, a exemplo da Federação Brasileira de Associações
de Bibliotecários, Cientistas da Informação
e Instituições (FEBAB) em 1959. (FEBAB, 2012)
Em
seguida, uma conquista importante que vai definitivamente sedimentar a
profissão no Brasil foi o reconhecimento legal em 30 de junho 1962, com a
promulgação da Lei 4 098, complementada pela Lei 9 674, de 25 de junho de 1998,
que regulamenta o exercício da profissão. Dentre as exigências estabelecidas
pela lei está a do registro profissional no Conselho Regional de
Biblioteconomia, para que o bibliotecário possa exercer legalmente a profissão.
Na
Bahia, o primeiro curso de Biblioteconomia foi idealizado em 1942, por Bernadete
Sinay, na Escola da Politécnica, onde a mencionada bibliotecária trabalhava. Ressalta-se
que após realizar diversas viagens a fim de se especializar, inclusive ao
exterior retorna à Bahia, promove a fundação da Escola de Biblioteconomia, que
posteriormente foi integrada à Universidade da Bahia (CASTRO, 2000).
A
visibilidade da biblioteconomia na sociedade baiana, hoje está muito atrelada
não só ao curso superior, mas também aqueles que o representam como atores
sociais, que fazem do curso a realidade do seu cotidiano sendo verdadeiros
mediadores entre os acervos e o público usuário. Pode-se afirmar que o processo
de destacar a biblioteconomia baiana, é do tipo colaborativo e coletivo, na
medida em que cada bibliotecário desempenha o seu papel como um ator social
mediador do conhecimento, da informação e da cultura. É nessa perspectiva que a
Escola de Biblioteconomia da Bahia constitui-se como um lócus de memória
individual e coletiva de uma profissão, onde sujeitos sociais foram educados
para desempenhar uma profissão.
3 MEMÓRIA
INSTITUCIONAL: ASPECTOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Etimologicamente,
a palavra memória vem do latim menor e oris
que significa “o que lembra”. No âmbito individual a memória tem sido
considerada como uma capacidade não só de reter informações atuais, como de
armazenar e conservar certas informações ao longo do tempo. Le Goff (1996, p.
423), ao abordar a memória individual, ressalta que é através dela que “o homem
pode atualizar impressões
ou informações passadas, ou que ele representa como passadas”. Schacter (1999)
define a memória como “um telescópio apontado ao tempo”. Inserida neste
contexto, está o conceito de memória individual que entrelaça-se com o conceito
de memória coletiva, conforme (HALBWACHS, 2006, p. 69) afirma:
[...] diríamos que cada
memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, que este ponto
de vista muda segundo o lugar que ali ocupo e que esse mesmo lugar muda segundo
as relações que mantenho com outros ambientes.
Para
Peter Burke (2000), a memória tem uma função de fonte histórica, onde o
historiador analisa a confiabilidade do que é relembrado -via cruzamento com
outras fontes e da fluência da história oral. Então surge o fenômeno histórico,
ou seja, uma “história social do lembrar.” Burke (2000) extrapola o conceito de
memória oral e particular e menciona as funções de uma memória social. Nesse
contexto, Burke (2000) faz correlações interessantes como a contraposição entre
memória social e amnésia estrutural (onde o esquecimento tem a finalidade de
imposição, interesses políticos e anti-democráticos), o autor também apresenta
a relação entre lugar e memória (no âmbito da construção da identidade
nacional), ou, o que ele define como “comunidades de memória.”
No
âmbito da memória social onde a universidade está inserida, emerge ainda o
conceito de memória institucional, explorada no contexto dessa investigação. A
memória institucional foi definida por Costa (1997, p. 153) como
[...] um elemento primordial
no funcionamento das instituições. É através da memória que as instituições se
reproduzem no seio da sociedade, retendo apenas as informações que interessam
ao seu funcionamento. [...] um processo seletivo que se desenvolve segundo
regras instituídas e que variam de instituição para instituição. E as
informações relevantes para a recuperação da memória institucional devem ser,
por isso, buscadas não apenas nos materiais e fontes internas, mas fora dos
muros institucionais. A memória institucional está em permanente elaboração,
pois é função do tempo.
É
a partir dessa perspectiva, que esse estudo centra seu foco para compreender o
bibliotecário enquanto sujeito de memória, partícipe de um processo de formação
profissional. Nos seus estudos, Costa (1997) afirma que são os próprios
indivíduos os agentes e ativos construtores que fazem a memória da instituição,
no espaço e no tempo presente. Essa construção memorial é espelhada nos
registros dessa trajetória social e história, nos registros e lembranças que se
tem no presente de eventos, dos acertos e desacertos, das diferentes
ideologias, das crises, conflitos que são lembrados pela memória individual e
coletiva, em construção no tempo presente, como corroborado nesta frase da
pesquisadora: “[...] precisamos construir uma memória institucional no tempo
presente, o único de que dispomos, já que o passado já passou, e o futuro está
em nossas mãos.” (COSTA, 1997, p.155)
O
conceito de memória institucional, apresentado por Costa (1997), espelha a
presente proposta, no escolher como fontes primárias de pesquisa, os dados
pessoais de bibliotecários graduados que estão registrados nos livros e atas
pertencentes à Escola de Biblioteconomia, atual ICI/UFBA, ao logo dos 70 anos
de fundação da instituição, com um recorte temporal no período de 1980 a 2012.
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
As informações coletadas nessa
pesquisa foram a priori, tabuladas, tratadas quanti/qualitativamente e a
partir daí chegou-se a um mapeamento do perfil do profissional egresso no curso
de Biblioteconomia UFBA.
A
categoria perfil profissional abarca
as questões relacionadas ao gênero, ano de conclusão do curso, tempo de atuação
na área, a motivação para a escolha do curso e a preocupação com a educação
continuada, buscando compreender a correlação que se estabelece na formação da
identidade-memória de cada profissional egresso no período estudado. A análise
dos dados evidencia que o gênero predominante continua sendo feminino (80%).
Esse resultado reafirma os obtidos nos estudos de Martucci (1996), ainda que se
observe a crescente inserção de homens neste mercado de trabalho.
Para situar o sujeito no espaço institucional
de formação profissional, se buscou identificar o período de conclusão do curso
de graduação. Os dados evidenciaram que 43% dos egressos participantes desta
pesquisa finalizaram sua formação acadêmica após os anos 2000, os demais em
anos que antecederam essa data.
Os
dados revelaram que 60% da amostra está no mercado de trabalho há mais de 11
anos, demonstrando uma experiência considerável no exercício profissional dos
bibliotecários investigados.
As
escolhas profissionais quase sempre provocam indecisões e por vezes são
influenciadas por sujeitos que fazem parte do contexto social vivenciado. Desse
modo, a motivação para a escolha do curso de biblioteconomia foi uma questão
levantada no estudo, a fim de compreender as influências que determinaram a
trajetória profissional. Relembrar as circunstâncias que determinaram a escola
profissional consiste em um modo de estabelecer relações entre si e outros
indivíduos para construção da memória individual e coletiva. A pesquisa
evidenciou que a maioria dos egressos (56,7%) escolheu a profissão por
determinação própria. Curiosamente, a influencia do professor não foi
considerada pelos participantes, o que leva a crer que os professores do ensino
médio pouco conhecem esse profissional e, portanto não influencia nem incentiva
os alunos a cursarem o referido curso. Nesse sentido, talvez seja necessário
ações mais contundentes por parte do curso de Biblioteconomia nas escolas, a
fim de tornar esta uma profissão conhecida no âmbito da instituição
educacional. Destaca-se nessa trajetória, de acordo com os dados que a influência
de amigos foi relevante para a escolha profissional, levando a crer que a
memória individual é influenciada pelas inter-relações estabelecidas com outros
sujeitos sociais.
A
pesquisa buscou também identificar a realidade dos participantes no que se
refere à sua preocupação com a educação continuada (Especialização, Mestrado,
Doutorado, e outra Graduação). Os dados demonstraram que os profissionais
investigados preocupam-se com a capacitação profissional, uma vez que 71%
cursaram Especialização, buscando aprimorar seus conhecimentos. Nesse sentido,
Prosdócimo e Ohira (2000) ressaltam que “a Educação continuada prepara o
indivíduo para executar melhor aquilo que já realiza, focalizar o como fazer,
capacitando-o para atuar na realidade atual como também, para o futuro.” Por
outro lado Valentim (2002) enfatiza que a responsabilidade de capacitar após
sua saída da escola, é papel do próprio profissional. Há de se ressaltar, que
desse total existe ainda aqueles que cursaram mestrado e doutorado (16%, 3%)
respectivamente, reforçando a crença de que os egressos do curso do curso de
Biblioteconomia no período analisado procuram efetivamente qualificar-se para
atender as exigências do mercado de trabalho.
Cabe
salientar que neste processo é relevante que os cursos de Biblioteconomia
ofereçam regularmente cursos de extensão e especialização, além daqueles
voltados à pós-graduação stricto sensu
- mestrado e doutorado, a fim de oportunizar os egressos ampliar sua formação
por meio da Educação continuada. (CUNHA, 1984).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
memória institucional, muito além de um mero conceito
emergente correlacionado à memória coletiva de Halbwachs (2006), é um processo
de construção, individual e coletivo, além de colaborativo que rompe os limites
dos muros de uma instituição do porte da UFBA tocando a opinião pública da
sociedade. Esse dinamismo inerente à memória institucional está relacionado
diretamente com a temática da presente investigação ajudando a compor um
panorama, em constante evolução, da biblioteconomia baiana e um perfil de seus
atores sociais, os profissionais bibliotecários.
A
relação identidade -memória pode ser vislumbrada na trajetória individual da
formação de cada profissional que passou pela instituição. O modo como as
ideias são estruturadas na memória individual e o modo como ela é transmitida
aos outros, impacta no processo de construção da memória institucional, se
construindo num ato contínuo. Pelo estudo realizado, infere-se
que a identidade-memória ocupa um tempo e um espaço, inclui a própria
instituição educacional, seu corpo docente e discente, os funcionários e
colaboradores.
Vale
mencionar a perenidade institucional, na qual as pessoas vêm e vão, chegam a
desaparecer da instituição, mostrando o seu lado transitório; entretanto, a
instituição se eterniza na proporção da continuidade dos serviços relevantes de
ensino superior que ela presta à comunidade.
O
presente estudo não pretende esgotar a temática ora apresentada, nem tão pouco
que os resultados da análise dos dados sejam conclusivos, pois eles representam
o resultado de um olhar sobre o universo amostral pesquisado de bibliotecários,
formados entre o período de 1980-2012.
Numa
perspectiva geral o trabalho, pretende-se ampliar a reflexão sobre o perfil do
profissional formado pela Escola de Biblioteconomia e Documentação (ICI) da
UFBA no sentido de incentivar a elaboração de novas pesquisas sobre a temática
ora investigada.
REFERÊNCIAS
A BIBLIOTECONOMIA na bahia: 40 anos de
atividade. Salvador:
[S.n], 1982.
ARAGÃO, Esmeralda Maria de; QUARESMA, Dinorá
Luna de Assis (Org.). Cinqüentenário da
escola de biblioteconomia e documentação. Salvador: Gráfica Universitária,
1992.
BURKE, Peter. Variedades de história cultural. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
CASTRO, César Augusto. História da
Biblioteconomia Brasileira: perspectiva histórica. Brasília: Thesaurus, 2006.
COSTA,
Icléia Thiesen Magalhães. Memória institucional : a construção conceitual numa
abordagem teórico-metodológica. 1997. 169 f. Tese (Doutorado em Ciência da
Informação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 1997.
CUNHA,
M. V.; CRIVELLARI, H. M. T. O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento e
os paradoxos das profissões da informação. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Atuação profissional na área de informação.
São Paulo: Polis, 2004.
CUNHA,
M. V. O papel social do bibliotecário. Encontros
Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Florianópolis, n. 15, 1º sem. 2003. Disponível em: <http://www.encontros-bibli.ufsc.br/>. Acesso em: 20 maio 2005.
FEBAB.
Missão e histórico. Disponível em:
<http://febab.org.br/?page_id=39>.
Acesso em: 28 jul. 2013.
FENTRESS, John;
WICKHAM, Connor. Memória social.
Lisboa: Teorema, 1992.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo:
Centauro, 2006.
HYMANN, Hebert. Planejamento e análise da pesquisa: princípios, casos e processos. Rio
de Janeiro: Lidador, 1967.
JOB, Ivone; OLIVEIRA,
Dalgiza Andrade. Marcos históricos e legais do desenvolvimento da profissão de
bibliotecário no brasil. Revista
ACB, Biblioteconomia em Santa Catarina,
Florianópolis, v.11, n. 2, p. 259-272, ago./dez, 2006. Disponível em: <http://revistaacb.emnuvens.com.br/racb/article/view/449/565>
. Acesso: 28 jul. 2013.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: UNICAMP, 1996.
MATOS, Carmélia R. de
(Org.). Último decênio da escola de
biblioteconomia e documentação. Salvador: EDUFBA, 2000.
MARTINS, Wilson. A Palavra Escrita. São Paulo: Ática,
2002.
MARTUCCI, Elisabeth Márcia. A
feminilização do magistério e da biblioteconomia: uma aproximação. Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v.1,
n.2, p.225-244, jul./dez. 1996.
OLIVEIRA,
Silvio Luiz. Tratado de metodologia
cientifica : projetos de pesquisa, TGI,
TCC,
monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997.
TOZZI,
F. C.; BURGO, P. C. F. biblioteca,
conhecimento e cultura condicionantes de projeto no centro cultural de palmital,
2012. Disponível em: http://fio.edu.br/cic/anais/2012_xi_cic/PDF/Arq/11.pdf .
Acesso em: 28 jul. 2013.
No hay comentarios:
Publicar un comentario